sexta-feira, 10 de junho de 2011

Eskerrik asko, Bilbo.



E assim termina minha aventura.



Parece brincadeira o dia que eu cheguei aqui, chorando, com borboletas no estômago até a garganta. A sensaçao hoje é a mesmíssima, a diferença é sensaçao de estar mais completo, se é que existe isso.



A Bilbao e a Espanha que eu conheci continua me parecendo esse mandacaru: lindo mas, austero. Lindo por sua gente e seus encantos. Lindo o pais vasco e o mar cantábrico, lindo o louco e único euskera, e as noites regadas a muito kalimotxo. Lindo a polifonia de significados da capital Madrid, lindo o sotaque andaluz, o calor e a beleza da anadaluzia. Como é lindo Gaudi, Dalí e toda sua Cataluña. E como é grande esta terra, pensava que era menor que a Bahia que ia conhecer tudo numa sentada, mas ñ se conhece os os mundos abrindo um book de postais e fazendo um check list das cidades. Como queria ter conhecido o mar de Valencia e de Santander, como queria ter ido lá ver os galegos... Mas ñ tem problema, a gente se bate outra vez Espanha. Nao do mesmo jeito e na mesma circunstancia, mas se bate.. Austero pelo bruto e despachado jeito de ser dessa gente, pelas desigualdades que ñ conheci nem de perto, por sua austera maneira de se tratar os imigrantes, o por suas reivindicaçoes grandiosas (tirando pelo movimento 15-M) e ao mesmo tempo em si mesmadas... Como já diria Caetano, Bahia onipresentemente, Rio e belísimo horizonte, Steevie Wonder Andaluz, Picassos movem-se por Londres..Tudo a ver essa Espanha com minha Bahia, principalmente por todas as diferenças.



E o mundo gente? Mundo, mundo vasto mundo, é grande mesmo. E como é diferente e especial tudo nesse "novo velho mundo" (como já diria Raína). Nessa brincadeira fomos parar até na África! Na África! Sabia que esta viagem ia ser de auto-conhecimento mas ñ sabia que poderia ir tao fundo nas minhas raízes! O retorno dá um gostinho de quero mais, mas eu ñ tenho mais energia (nem dinheiro) e a saudade de minha gente é taaaaaaaaoooo grande!!!!! Viajar é ótimo, mas cansa muuuito. Queria ir a Dublin encontrar Dimas e ir em Edimburgo, queria ver os touros correndo atrás do povo em Pamplona, queria muito visitar meu primo em Portugal. Mas o foguinho do meu coraçao só ta ardendo pra voltar pra casa, este montao de "quereres" vai ficar pra uma proxima experiencia.



Foram 9 meses de puro aprendizado com certeza, se eu viesse grávida voltaria pro Brasil com um filho. Mas eu engravidei de tantas coisas, nestas terras, pode parecer clichê mas, o mais legal é ser fertilizada por tantas novas perspectivas, esperanças e novas paixoes. Vou parir e multiplicar tudo isso quando chegar na minha terra.



Mas querem saber ao pé da letra? Os maiores presentes que eu ganhei neste intercambio foram meus novos amigos e descobrir como os velhos companheiros sao tao especiais para mim. Os novos e muito queridos José Madari, Rufo, Fabíola Ruiz, Marta Gambotti, Juliette, Giorgia Santacateriana, Bárbora Hedjucová, Nora Varga e outros tantos que deram um novo sabor a minha vida. Os velhos e cada vez mais irmaos brasileiros, Felipe Rego, Yuri Rossat, Artur Rego, Egi Santana, Paula Amor, Raina Biriba, Raissa Biriba, Louise Lobato, Marcia Lisboa... queria ter estado com eles mais vezes.. Se ñ fosse minha natureza amarrada..



Sim foram 9 meses longe de meu amor, meu Felipe, minha companhia, mais íntima, talvez uma das pessoas que tenha mais me ajudado a crescer e ser mais madura e segura o suficiente pra enfrentar esta experiencia. Com certeza Lipe, sem esses dias aqui eu nunca ia descobrir a dimensao que eu te amo , redundante mas, nunca ia reconhecer que eu te amo tanto como eu te amo. Sair do ninho faz a gente redescobrir o amor . Tenho certeza que uma das coisas que eu mais quero ver quando chegar aí é o verde esperança dos seus olhos...



E é claro, o melhor de voltar pra casa é saber quanta gente me espera e quanta gente eu desejo reencontrar. O melhor de voltar pra casa é saber que tem gente lhe esperando com braços abertos. É maravilhoso saber que eu tenho um porto seguro e amores pra beijar abraçar todos os dias.



Explicando o título que está em bom Euskera (vasco), traduzo um belo: Obrigada Bilbao. Obrigada por me receber sempre como se fosse a minha verdadeira casa, sempre que eu chegava de uma nova aventura, obrigada ao rio que corria sem parar, pra dizer que o tempo se move, obrigada por ter aceitado uma forasteira habitar um solo tao suado e amado pelo povo vasco. Obrigado pelos eternos dias de chuva, obrigada por me apresentar a troca de estaçoes, as folhas caindo, o verde chegando as flores brotando.. nunca ia saber que o frio é tao frio e como é bom receber os primeiros raios de sol da primavera. Ver as ruas de Bilbao, sua gente e seu rio, sempre me trará lembranças de grande aprendizado e também de muita alegria.



Mas agora chegou o momento de voltar ao meu lado do Oceano, com um percurso parecido que o hermano Colombo fez há uns anos atrás. E que quando chegar mais um pra redescobrir este "novo velho mundo", que receba de maneira tao especial quanto você me recebeu, minha saudousa Bilbao.



Agur!

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